top of page

Uma mistura de “You” e “Black Mirror” que junta tecnologia, investigação e crítica social

  • anacarolineebp
  • 16 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de dez. de 2021

Sucesso da Netflix, “Clickbait” é uma mistura de “You” e “Black Mirror” que junta tecnologia, investigação e crítica social


Cada episódio é focado em um personagem, inclusive em repórteres, detetives e social medias, mostrando a verdade por trás das telas e o risco do sensacionalismo.


O primeiro dos oito capítulos da minissérie se inicia de maneira tão desconfortável, repentina e sugestiva quanto o resto do enredo promete ser. Pia (Zoe Kazan) logo nos é apresentada como “a irmã” - título do episódio, inclusive - uma garota na casa dos vinte e poucos anos que evidentemente assume o estereótipo de irmã mais nova: rebelde, inconsequente, sem tanto êxito profissional quanto os outros membros da família e, honestamente, um tanto mimada (o suficiente para fazer uma cena em plena mesa do jantar de aniversário da própria mãe).

Tal personagem soma um peso interessante para o currículo da atriz, que se mostrou ser um verdadeiro camaleão por passar de filmes como “Doentes de Amor” (2017) e “Será Que” (2013) para Clickbait.

Entretanto, por mais que em nenhum momento a atuação deixe a desejar, o personagem passa por altos e baixos que abalam a identidade que se planeja transmitir, aparecendo em uma linha tênue entre o extremamente vulnerável e o determinadamente sensata em todo o tempo após os primeiros 10 minutos da obra.

Os acontecimentos que se seguem narram um jogo de persuasão e subtramas que buscam arduamente espelhar a realidade atual. Tudo começa quando Nick Brewer (Adrian Grenier, também conhecido por seu papel um tanto questionável em O Diabo Veste Prada) desaparece e logo é encontrado em um LiveStream da internet sob a ameaça de ser morto quando o vídeo atingir determinado número de visualizações. Durante a transmissão, o homem, que é um fisioterapeuta e pai de família muito bem sucedido, aparece segurando cartazes com frases que o acusam de assédio e assassinato, como “Eu abuso de mulheres”.

A partir daí, seus entes queridos começam a correr para salvá-lo e descobrir a verdade não apenas sobre Nick, mas sobre todos que vivem ao seu redor - além de conhecerem as diversas faces da internet, redes sociais e da mídia.

Um ponto curioso na história, e talvez o que nos traga o aspecto mais fictício de uma série, é o desenrolar dos dois filhos de Nick, Ethan e Kai. Na trama, é notável a tentativa de dar para cada “mocinho” um pedaço da coroa de “super herói”, com cada um tendo um papel na descoberta de algo decisivo para resolver os mistérios. O mesmo acontece com as crianças. Mesmo enfrentando o peso do desaparecimento do pai, o Bullying na escola devido a repercussão do caso e a pilha de jornalistas plantados em seu jardim da frente, os meninos arranjam espaço para serem parte crucial da investigação, burlar a proteção da mãe e arranjar amigos Hackers que são capaz de pensar em mais estratégias e encontrar provas de maneira mais eficiente do que toda a equipe de investigadores.

Ainda assim, o cenário em que cada um conquista sua realização, seu papel e seu encerramento é um tanto reconfortante, ainda passando uma certa lição de moral para jovens que enfrentam uma ausência repentina de algum dos pais.

Por fim, levando em conta que a minissérie é dirigida por Brad Anderson, mesmo diretor dos agonizantes suspenses psicológicos “Fratura” (2019) e “The Sinner” (2017) e especialista em nos fazer vivenciar exatamente o que está na mente e na visão de um personagem específico, um dos aspectos mais interessantes é a maneira como somos apresentados a cada ponto de vista, a cada presença e a cada realidade com tanta intensidade e riqueza de expressões, sendo possível, até mesmo, se convencer de que cada verdade é absoluta a cada perspectiva que conhecemos.

Da mesma forma, tanto pelo renomado diretor de suspense dramático quanto pela presença da atriz Betty Gabriel (Amizade Desfeita 2, 2018; Corra!, 2017 e Uma Noite de Crime 3, 2016) como uma das protagonistas, logo seria possível deduzir que a obra não teria um final tão feliz quanto o bom ritmo da investigação e o acerto de laços familiares ao decorrer dos capítulos nos faz pensar que teria - mas isso não deixa de nos instigar a manter os olhos bem abertos para cada reviravolta.

Também é importante mencionar a abrangência de contextos abordados pela série, todos mais do que atuais, passando por temas como Bullying, preconceito, assédio sexual (por mais que não seja dada a devida seriedade que este tópico merecia) e, claro, o cenário que carrega todo o peso do que o roteiro nos quer transmitir: o risco da divulgação de dados na Internet, o ódio disseminado nas redes e as verdades escondidas por trás de cada rosto digital. Lembrando, inclusive, que os episódios são baseados em contos reais de catfish (pessoas que criam perfis falsos em redes sociais para enganar inocentes), e nas consequências disso.


Avaliação de Clickbait:


Duas semanas no Top 10 do Streaming

7,4 de 10 no IMDb

85% de aprovação popular no Rotten Tomatoes




コメント


Post: Blog2_Post
bottom of page